top of page

OGUM

Originalmente, Ogum era o Orixá que regia a colheita, a caça e a guerra. Para um umbandista moderno pode parecer estranho pensar nesse Orixá, comumente entendido como impulsivo e beligerante, na figura de um agricultor arando a terra e dela colhendo os frutos. Muitos atribuem à chegada dos africanos e sua nova dinâmica religiosa enquanto escravos esse novo entendimento da força de Ogum como Orixá da guerra e não mais da agricultura. Assim também passou-se à Oxossi o domínio da caça, domínio já exercido no culto africano original. O fato é que todos os instrumentos são consagrados à Ogum uma vez que, acima de tudo, é ele o Orixá da forja e da metalurgia, processo de manipulação dos metais.

Por isso um dos símbolos desse Orixá são as sete ferramentas juntas que representam exatamente esse poder sobre os metais em especial o ferro, considerado o metal negro, símbolo da relação de Ogum com o elemento terra.

Entendemos Ogum, acima de seu papel mitológico, como o Impulso Divino primordial. Seria este Orixá a força que rege todo início de movimento. Para a física newtoniana seria a força que rompe o atrito estático, aquela barreira a todo início de processo. Quem não percebe que o começo de um processo pode parecer lento e difícil mas que a continuidade de um processo já iniciado não parece tão maçante assim? Pois é Ogum aquela energia que possibilita o início do que quer que seja. É a explosão inicial e a quebra do equilíbrio estático.

Também em Ogum vemos uma forte relação com todos os Orixás. Ele é considerado um dos Orixás mais antigos, já que estava lá quando tudo foi iniciado. É considerado força irmã da energia de Exu, o movimento, e muitos mitos dizem que Exu e Ogum andam sempre juntos. É irmão mais velho de Oxossi uma vez que o trabalho do caçador é enormemente facilitado com a utilização do metal e dos instrumentos de caça. Seria filho de Yemanjá, que seguiria ao lado do filho em suas batalhas recebendo o nome de Yemanjá Ogunté, qualidade guerreira da Orixá Mãe. Teria sido amante tanto de Oxum como de Yansã, tendo com a última nove filhos, como se da interação dessas duas forças tivessem sido formados os nove espaços do Orum (Céu).

Muitos mitos apontam forte interação entre Ogum e Nanã enquanto energias opostas e em conflito. Devemos compreender aqui a alusão simbólica do mito quando relaciona a dificuldade de interação de duas forças claramente antagônicas, não pensando que literal é a briga entre dois Orixás, princípios divinos fundamentais. Da mesma forma devemos buscar entender a rixa relacionada na interação entre Ogum e Xangô.

A força ativa de ambos, considerada guerreira e dominadora, é relacionada nos mitos com uma constante briga entre os dois Orixás. Não podemos trazer para a esfera do humano essa “briga” como se comparada a um desentendimento entre vizinhos.

Aqui, temos a demonstração da dinâmica energética cósmica em busca do Equilíbrio. O Cosmo não é pura harmonia uma vez que o movimento, as mudanças e a constante adaptação são sempre geradas por choques. Isso é verdade no plano pequeno de nosso planeta, com seus terremotos e guerras humanas, mas também no plano estelar, com as explosões de estrelas e colapsos de sistemas estelares inteiros. Ogum é o Orixá do movimento e do Impulso. Sua energia se relaciona com todo processo de revolta que gera uma mudança em relação ao padrão anterior. Dizem ser a energia da conquista que não se preocupa com a manutenção do conquistado. Todas essas idéias transformam Ogum na figura mitológica do grande guerreiro. O grande general que lidera e vence todas as batalhas.

O guerreiro valente e impulsivo que com sua ira e suas armas submete todos os inimigos e derruba todos os obstáculos. É um Orixá fortemente relacionado com os elementos terra e fogo, este último mais comum em nossa Umbanda e explicitado pela cor deste Orixá, o vermelho. O branco também atribuído a Ogum mostra sua relação primordial com a Criação, enquanto impulso original de todo o criado.

Verger estabelece um modelo do arquétipo demonstrado pelos filhos deste Orixá que está bem de acordo com o nosso entendimento quando diz que “O arquétipo de Ogum é o das pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoarem as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energeticamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente.

Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das pessoas que possuem humor mutável, passando por furiosos acessos de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhe prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas.”1

Podemos complementar essa definição com a defendida por Beniste que afirma que os filhos de Ogum “nada temem – atléticos, agressivos e de mau humor – como maridos são brutais e insensíveis – viris e conquistadores – costumam separar e juntar – são rápidos – agem sem pensar – ofendem-se facilmente – insistem naquilo que desejam – emotivos, impacientes e brigões – arrependem-se facilmente – gostam de comer bem e de beber – temperamento difícil – muita iniciativa”.2 Ogum rege, no corpo humano, o sistema nervoso, as mãos, os pulsos e o sangue.

As origens de Ogun datam dos tempos proto-históricos e sua função de Asiwajú, aquele que toma a vanguarda, aquele que vai na frente dos outros, o que precede, o converte no símbolo do primogênito que, através de sua agressão, abre o caminho para quem o segue. É um desbravador em todo o sentido do termo. A imagem que seus mitos nos transmitem nos conduz a associá-lo à do homem pré-histórico, violento e pioneiro. Ele caça e inventa as armas e as ferramentas, primeiro de pedra, depois de ferro. Depois de ter sido um destemido caçador, conhecedor dos segredos da floresta, ele se fez ferreiro e soldado. Está associado àquela remota época em que o caçador foi a vanguarda da civilização.

Protetor dos militares e guerreiros. Tem ânsia de conquistas, mesmo que não tenha nenhuma estratégia, o que o difere de Xangô. Diz-se que “Ogum não pede, Ele toma”. Tem uma grande dificuldade de manter as suas conquistas. nas lendas Ogum conquista, mas é Oxossi quem zela pelo lugar conquistado. Ogum é um excelente executor de idéias; é impaciente, sincero, violento e brigão. Ogum é muito imaturo e fácil de ser enganado.

Abre os caminhos junto com Exu. É objetivo. É o senhor das contendas sempre atacando pela frente, de peito aberto. Sabe armar arapucas para pegar o inimigo.

Pensa muito pouco, possuindo seus sentimentos em ebulição. Estimula os outros fervendo a ira. É o Senhor dos objetos cortantes e armas de fogo. Carrega a força de qualquer impacto, vibrando em todos os momentos impactantes. É o que ferve o sangue. Está presente no calor das coisas, principalmente no fogo. É a força instintiva de Marte. Padroeiro de todos aqueles que manejam o ferro, como lanterneiros, maquineiros e ferreiros.

Os filhos de Ogum não podem ter vícios, principalmente com bebidas e drogas. Não conseguem falar manso, gostando das disputas até no falar. São práticos e não são egoístas, gostando de fazer doação de suas coisas. Ogum é o símbolo do trabalho, da atividade de criação e expansão. Precisa exercitar-se fisicamente, colocando toda a sua energia para fora. Na África Ogum é um Orixá muito temido. Os filhos de Etá Ogundá não são feitos no santo e aceitos na comunidade, pois sofrem muitos ataques de ira.

São apaixonados por viagens, mudanças de endereços, curiosos, adoram inovações tecnológicas. As doenças mais associadas a Ogum são relacionadas às articulações, aparelho digestivo e fígado. No movimento de suas danças, revela a ação de luta, de abrir novos caminhos e desbravar os matagais.

Seu dia é 23 de abril. No Rio sincretiza-se com São Jorge e na Bahia com Santo Antonio, que era um general. Seu dia da semana é a terça-feira e suas cores são o vermelho e branco. Seus domínios são as estradas, encruzilhadas, cachoeiras e o mar. Um de seus pratos prediletos é o cará enfeitado com 42 mariôs.

[1] VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás. 6. ed. Salvador: Corrupio, 2002. p. 95. [2] BENISTE, José. Orun – Àiyé. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. p. 263.

Origem do Nome

Ogum (derivado da palavra gun que significa guerra)

Mantra

Ogum Iê! (yé significa Olá! ou seja, Olá Ogum! Salve Ogum!); Patakiori Ogum! (Salve Ogum, Aquele que vem na frente!)

Qualidade Divina

Energia do movimento. É a Força Cósmica que inicia todo e qualquer processo. É a Força Divina que rompe todos os obstáculos. É o Guerreiro Divino. A energia de Ogum é utilizada em todos os processos que incluam lutas e disputas, principalmente demandas. Utilizada também para pessoas que estejam com "coisas entravadas". É a energia que nos dá a disposição e a vontade de lutar por um objetivo.

Astro Canalizador

Marte

Fase Lunar

Fase Lunar

Campo de Ressonância

Campinas, praias, campos abertos, linhas de trem e estradas

Cor

Vermelho e branco

Ferramenta

Ferramenta

Número

Número

Chakra no qual Atua

Chakra

Flores

Flores

Essências

Açafrão

Metal

Ferro

Pedra

Rubi e granada

Datas Comemorativas

23 de abril

Dia da Semana

Terça-feira

Horário Vibratório

6h às 12h

Imã (Comidas)

Feijão fradinho no azeite-de-dendê, tomate, pimentão vermelho, grão‑de‑bico, morango, guandu e manga espada

Libação (Bebidas)

Sumo da Espada de Ogum, suco de cevada ou cerveja clara

Ervas

Número de Folhas

Toque no Atabaque

Sincretismo

São Jorge ou São Sebastião (catolicismo), São João Batista (Cuba), Ptah (Egito Antigo)

Odu

Etá Ogundá

Mandala

Oferecer feijão fradinho refogado no dendê. Decorar com tomate vermelho e pimentão vermelho. Ladear com uma vela vermelha e um copinho com cerveja clara. Oferecer também sete cravos vermelhos.

bottom of page