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OMOLU

Também conhecido como Obaluaiê (Obá, rei; Olu, senhor; Àiyé, Terra; ou seja, Rei e Senhor de Tudo que há sobre a Terra), Omolu (Omon, filho; Olu, senhor; ou seja, Filho do Senhor) seria a força suprema das transformações. Nesse papel amplo, tudo que promove as mudanças lhe é atribuído e assim, é considerado o Orixá das doenças. Só Omolu possui o segredo de como propagar e curar todos os males. Está fortemente relacionado com o elemento terra mas também é saudado como Baba Igbonã (Baba, pai; Igbonã da palavra Inã, fogo; seria o Pai da Quentura) o que o relaciona com o elemento fogo enquanto febre e calores corporais. É ainda saudado, em sua forma mais temida, como Xanponã ou Xapatá, o Senhor da Varíola.

O culto a este Orixá é envolto em mistério e temor por parte de muitos fiéis uma vez que a força de mudança e transformação é normalmente difícil de administrar por parte dos seres humanos. Entendemos Omolu, em sua concepção mais ampla, como a energia divina de renovação e, nesse sentido, o senhor das doenças. As doenças são processos, em essência, de renovação corporal e espiritual.

Nossa sociedade moderna encara qualquer tipo de mal estar como condição extremamente negativa que deverá ser devidamente banida pelo uso de algum remédio ou semelhante. Nenhuma dor física pode ser minimamente tolerada. No entanto, as dores são os movimentos de adaptação do nosso ser frente a uma situação nova. Quando colocamos um sapato novo, este pode levar algum tempo nos incomodando até se adequar aos pés.

A medicina chinesa diria que “aquele que tem saúde adoece, aquele que não tem saúde morre” numa perfeita alusão ao nosso entendimento dessa força. Omolu não é, como muitos podem pensá-lo, estritamente a força da morte. Assim como não o são as doenças. Este Orixá é nosso impulso imutável de constante mutação. Impõe a tudo que existe sobre a Terra a qualidade essencial da impermanência. Aquele que se encontra doente está, em última análise, sendo chamado a se renovar, a deixar para trás seus condicionamentos e sua antiga composição para tomar uma nova forma, transformar-se em um novo ser.

Como temos grande dificuldade em realizar esses movimentos de mudança, nos debatemos de toda forma para mantermos nossa forma antiga, aquela que tanto prezamos e pela qual temos tanto apego. Mas essa ilusão não pode durar muito. Se a força divina de transformação se impuser a nós e quisermos enfrentá-la com apego e incapacidade de aceitá-la, aí veremos a face mais temida e mal compreendida de Omolu.

Que doente realmente se cura de uma doença grave simplesmente com remédios e alheio às mudanças que se impõe em sua vida? Vemos muitas pessoas que se drogam, tentando “durar” mais algum tempo em suas condições antigas não compreendendo a grande oportunidade de mudança que perante elas se apresenta. É nesse momento que a inevitável transformação se impõe e chega a morte. Aquele que se chocar com essas palavras talvez tenha esquecido, mesmo que momentaneamente, que nada no Cosmo realmente morre.

O verdadeiro umbandista compreende que morte é um conceito abstrato, simbólico e, em verdade, inexistente. Nada morre. O que acontece a todo instante em nossas vidas é a pura manifestação da força de Omolu, da transformação. Já disse o antigo filósofo que a mesma pessoa não cruza duas vezes o mesmo rio. A física moderna amplia esse conceito e afirma que não só o rio apresenta o fluir de suas águas, não sendo, por isso, o mesmo rio. Mas também a pessoa, no fluir de suas células não pode ser considerada a mesma pessoa.

Tentamos manter uma ilusão de imutabilidade ou identificação com nossos egos mas já sabemos que a maior parte de nosso corpo físico, o mais denso entre nossos corpos, se renova quase inteiramente num espaço não maior que sete anos. Após sete anos, muito pouco do que o compunha anteriormente continua fazendo parte do corpo de uma pessoa. Todas as células tem um período de vida determinado ao fim do qual cedem lugar à outras células.

Recebemos, diariamente, a oportunidade de deixarmos nosso antigo grupo de conceitos e conclusões para trás e abarcar uma nova realidade. Quando pensamos que a antiga realidade ainda existe, na verdade, somos nós que a mantemos em existência.

Muito profundo e complexo é o entendimento da grande força de Omolu. Enquanto representação da energia cósmica de transformação e renovação, tem forte relação com Obatalá, o Criador, e pode ser comparado ao deus Shiva da trindade hinduísta, responsável também pela transformação e renovação de todo o Cosmo. Ele representa a mudança em sentido amplo que pode ser entendida, de forma restrita, como a força das doenças, da cura e da morte. Aqui, tem grande relação com a força do Orixá Ossayin, a Senhora das Folhas, juntos estabelecendo os meios de curar todos os males e podendo ser identificados os curandeiros de todas as tradições religiosas como o Sangye Menla budista, Buda da Medicina, força celeste que revela aos homens, na compreensão tibetana, os meios para cura de todas as doenças que os afligem.

Normalmente é a Omolu e Ossayin que pedimos o fim de algum sofrimento físico. De sua relação com o Orixá Nanã, identificamos sua ligação com a morte, considerada o maior processo de transformação experienciado por um ser encarnado.

Omolu teria aqui representação similar ao deus egípcio Anúbis, senhor da morte e da ciência de embalsamento além de reinar nas necrópoles. Assim como Omolu, senhor do cemitério que também é chamado kalunga pelos umbandistas. Anúbis seria o senhor de todo mistério de iniciação e deteria, assim como Shiva e também Omolu, o segredo de todas as artes divinatórias além do verdadeiro caminho em direção à Verdade Absoluta.

Identificamos sua atuação com os ossos do corpo, com a pele e com as curas milagrosas. Podemos entender o sincretismo realizado de Omolu com o São Lazaro católico, portador das chagas e alvo de uma solução milagrosa para sua condição enferma e ainda, como também podemos ver nos mitos de Omolu, querido pelos cães.

Os filhos deste Orixá quando em transe podem se movimentar de forma impressionante, mexendo todo o corpo e mostrando a relação desse Orixá com os ossos do corpo humano e normalmente possuem marcas na pele por conseqüência de alguma doença ou evento vivido. Identifica-se ainda com nossos sentidos físicos, com nossas vísceras e nosso fígado e, ainda, com as glândulas sudoríparas. O simbolismo do fígado enquanto órgão atribuído a Omolu é bastante rico dado sua capacidade incrível de regeneração e suas funções biológicas, tanto na medicina ocidental como na medicina chinesa e ayurvédica.

Segundo Verger, os filhos desse Orixá seriam “pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e as tristezas das quais tiram uma satisfação íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem bem quando a vida lhes corre tranqüila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários.

Pessoas que em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.”[1] Ou ainda, segundo Beniste, os filho de Omolu possuem as seguintes características: “possuem a marca do Orixá no corpo – resistência diante das doenças – relacionamento social difícil – os homens não tem sorte com as mulheres – gostam da família – dedicam-se a outras pessoas a ponto de esquecer de si próprios – generosos e com senso de responsabilidade – gostam de se modificar – reservados e caseiros – não admitem que nada lhes seja tomado - muita intuição”[2]

Como Nanã, Omolu se distingue pela abundância no uso dos búzios, não só nos longos Brajás, mas também distribuídos no conjunto de sua vestimenta e paramentos, acentuando sua característica de filho-ancestre. É o patrono dos búzios e o Sistema Oracular lhe pertence. Em nagô a vestimenta chama-se ASO-ÌKO, demonstrando seu poder em lidar com a morte.

É com seu Xaxará que Omolu limpa e varre as doenças e também as impurezas e os males sobrenaturais. Os filhos de Omolu possuem a marca do Orixá no corpo e grande resistência às doenças. São pessoas de relacionamento social difícil e os homens não tem sorte com as mulheres. Dedicam-se às outras pessoas a ponto de esquecerem-se de si próprios. São generosos e com senso profundo de responsabilidade. Gostam de se modificar. São reservados e caseiros. Não admitem que nada lhes seja tomado. Possuem muita intuição.

Gostam de atender os outros para não se sentirem rejeitados, esquecendo-se e privando-se da sua própria vida. Atendem os outros para serem aceitos. Convivem muito bem com o sofrimento e as dificuldades e daí aprendem a se auto-conhecerem. Seu maior problema é consigo mesmo e não contra a vida. São perfeccionistas com altíssima exigência e grande senso crítico. Se cobram demais e tendem a desvalorizar os seus próprios feitos. Apegam-se ao mundo material, mas percebem que as riquezas lhe são negadas. São orgulhosos, críticos e metódicos. Possuem facilidade em se sentirem atraídos por pessoas extrovertidas e sensuais. Gostam de ver o seu amado brilhar, mas com isto se sentem inseguros, pois passam a ser alvo da atenção dos demais.

Mantêm a sua intimidade para si próprios a fim de não se exporem. Podem se mostrar extrovertidos quando estão em contato com pessoas conhecidas, mas não falam de suas intimidades. Nunca se sentem verdadeiramente satisfeitos e seguros.

Qualidades de Omolu:

Azaoni Fundamento com Oxossi, Nanã. É Obaluaiyê moço.

Arauê Fundamento com Nanã e Osasiyn. Obaluaiyê moço.

Azanssun Fundamento com Oxumarê e Nanã. Vive na gruta. É o Velho Omolu.

Avi Maji Fundamento com Nanã, Oxumarê e Ossaiyn. É Omolu moço.

Sakpatá Fundamento com Nanã, Oxumarê, Ossaiyn e Oxalá. È Omolu velho.

Intoto Fundamento com Nanã Buruiku (Nanã da putrefação). Bem velho.

Xapanã Fundamento com Exu, Nanã, Oxumarê e Ossaiyn. Bem velho.

Intotô Omolu da putrefação. Fundamento com Nanã e Oxumarê. Usa a lama do poço.



Origem do Nome

Omolu (omon, filho; olu, senhor; ou seja, Filho do Senhor); Obàlúaiyé (Oba, rei; Olú, senhor ; Àiyé, terra; ou seja, Rei de todos os espíritos do mundo3 ou Rei e Senhor do Mundo)

Mantra

Atotô! (silêncio!)

Qualidade Divina

Força Cósmica da Transmutação. Força Cósmica que transmuta todas as mazelas em paz e harmonia e saúde. Força Cósmica da prosperidade. Omolu é o Orixá da cura e da prosperidade. Sua energia é utilizada quando há problemas de saúde, cirurgias e trabalhos de magia. Serve para nos libertar dos processos de magia negra. Utilizada para transmutação e transformação de tudo, principalmente, a saúde. Visa o equilíbrio do ser.

Astro Canalizador

Saturno

Fase Lunar

Fase Lunar

Campo de Ressonância

Cemitérios, grutas nas rochas e hospitais

Cor

Preto, vermelho, branco e amarelo ou dourado

Ferramenta

Ferramenta

Número

Número

Chakra no qual Atua

Chakra

Flores

Flores

Essências

Menta e cravo (para restabelecer e manter o equilíbrio energético

Metal

Chumbo

Pedra

Ônix

Datas Comemorativas

16 de agosto, 17 de dezembro

Dia da Semana

Segunda-feira

Horário Vibratório

21h às 6h

Imã (Comidas)

Pipoca feita na areia; inhame; arroz branco; azeite de dendê; abacaxi ou qualquer fruta ácida

Libação (Bebidas)

Água de arroz

Ervas

Pata-de-vaca (Abàfè); Sabugueiro (Àtòrìnà); Cipó-chumbo (Awó Pupá); Jenipapeiro (Bujè); Alfavaca (Efínfín); Erva-de-são-caetano (Ejìnrìn); Sapê (Ekun); Gervão-roxo (Ewé Ìgbolé); Mostarda (Ewé Làtípà); Transagem (Ewé Òpá); Fedegoso (Ewé Réré); Balaio-de-velho (Ewé Solé); Babosa (Ipòlerin); Samambaia (Irùngbòn); Malva (To); Cipreste

Número de Folhas

8 ou 16

Toque no Atabaque

Opanijé

Sincretismo

São Lázaro e São Roque (catolicismo); Anúbis (Egito Antigo); Shiva (Hinduísmo)

Odu

Eji Onilê

Mandala

Oferecer um manjar branco decorado com purpurina prateada com uma flor correspondente no centro. Ladear com três taças com água pura ou champagne. Pedir à Grande Mãe que sempre ampare o filho em sua caminhada, colocando-o em seu colo e protegendo-o de qualquer infortúnio. Agradecer também a atuação de todos aqueles seres, encarnados ou não, que vivem, como verdadeiras mães, auxiliando e amparando a humanidade.

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